sábado, 23 de dezembro de 2023

Obsoleto

 Já faz alguns anos que eu meio que ando no automático. Chega final de ano e nem percebo que o tempo passou. 

Fico me perguntando, quando liguei esse piloto, que só mexe meu corpo e quando vou ver percorri quilômetros sem ao menos me mexer. 


Reflito um pouco sobre o ano e ele parece uma névoa, foi de alguma forma sutil, momentos bons, momentos ruins, momentos. Mas parece que só se foi, passou e de alguma forma não volta mais. 


Eu amava festas, mas desde que não significa mais ver você, final de ano se tornou obsoleto, dentro do vácuo da solidão de quem está rodeada. 

Filhos, sinto que minha felicidade deveria ser você, mas a sua partida me deixou ciente de algo que eu só sabia que existia, a morte. E hoje, vivo no automático com medo do próximo ano mais alguém partir e tornar o que já foi um dia feliz ainda mais triste. 


Como é horrível envelhecer. Como é horrível ver quem amamos envelhecer. Como é horrível.

quarta-feira, 22 de março de 2023

 Fui uma pessoa de muitos sonhos. Hora cantar, hora cantar, escrever, pintar. De todos esses sonhos a maternidade nunca tinha feito parte, mas aí um dia fez e eu me tornei materna, me tornei parte, até adoecer. Parecia que meu mundo tinha desabado quando meu coração parou, meu peito se fez silêncio e minha mente apagou. Falaram os médicos, que era um surto, uma tal de bipolaridade que me fazia pirar, por sorte esquecer que por algum tempo desisti de amar. 

Mas meu coração se recuperou estranho, ele não sentia com tanto tamanho. Até a maternidade novamente chegar. O desespero do que iriam pensar e eu só aceitei e abracei, como é bom ter pessoas que pra sempre vão te amar. 

De certa forma meus sonhos se tornaram os deles. Dessa forma me realizei, mas de alguma forma algo basta, quem sabe o reconhecimento por estar feliz? O mundo poderia simplesmente dizer, tá tudo bem assim. 

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Parece o fim do mundo quando me vejo perto de uma crise. A ansiosa talvez seja a pior, ainda quando as paranóias chegam e sem saber por onde começar me calo totalmente, sem nenhum riso. Essa sensação no peito de vazio constante onde nada poderia me ajudar a cicatrizar as feridas que fizeram em mim. Eu olho em todos os cantos e fico me perguntando, será que de alguma forma você foi embora pq eu fiquei aqui? 
A porta se fechou a tanto tempo e ainda sinto que não pertenço a mais nenhum lugar, absorvendo esses dias sem nenhuma alegria, como se não bastasse, ainda tenho que falar bom dia. Não sei o que aconteceu, pq me deixou? Pq me esqueceu? 

A causa de toda insegurança sempre será a falta de amor que você não conseguiu me dar. E aí dia após dia me pergunto se amo o suficiente, parece que não aprendi o amor, mas aprendi a fingir que sinto muito toda vez que te vejo. 

Se eu morresse hoje onde seria enterrada?

 Sinto constantemente um vazio que nunca é preenchido. Nesse meio tempo confuso de vida, com 32 velas apagadas me pergunto dia após dia; "se eu morrer onde seria enterrada?" 

Essa é a questão onde paro e me pergunto, será que pertenço a algum lugar, as vezes na morte pode ser que encontre um canto para ficar. Eu estou aqui, mas não pertenço aqui agora. Talvez nunca mais eu pertença a lugar alguma, mas a alguém eu pertenço. E se hoje eu morrer, a quem vou pertencer? 

Será que vão lembrar de mim? De quem eu fui um dia, ou de quem queria ser?  E se não for pedir muito quando vamos conseguir nos ver? E se eu pedir além de tudo para tudo aquilo que quero ser? Minha alma está aberta e tranquilamente afobada. Mas se eu morresse hoje, onde seria enterrada?

domingo, 16 de janeiro de 2022

MASCULINIDADE FRÁGIL

 




Pq a música do Thiago Iorc mexeu tanto comigo, ao ponto deu ouvir ela pelo menos 3x ao dia. 

Thiago Iorc, cantor, começou a fazer muito sucesso alguns anos atrás. Lançou a moda do coque samurai esquerdomacho e era assim que ele era. 

De uma hora pra outra, no auge do sucesso ele sumiu, não deu notícias alguma de seu paradeiro, surgiu novamente para se pronunciar sobre uma polêmica e sumiu.

Algum tempo depois lançou uma música sobre depressão e associou seu desaparecimento a ter depressão e sumiu. Sim, esse é o artista que some. 

Quando foi final do ano passado veio o tapa na cara da masculinidade frágil. 

Eu ouvi a primeira vez e chorei, chorei pensando nos homens da minha vida. Meus avós, que foram reprimidos e podados. Meu vô por parte de mãe, alcoólatra e mulherengo, cheio de traumas de infância, uma vida difícil. A única vez que ele me disse alguma coisa foi um pouco antes de morrer, ao telefone disse pela primeira vez que me amava e que tinha orgulho de mim. Eu chorei, agradeci, retribuí e algum tempo depois ele se foi. E eu olhava para os 5 filhos dele nesse velório e pensava como nenhum ali ouviu eu te amo na infância, teve um abraço, um afago, um pouco de compreensão. Foram produção e produto trabalha, produto produz.

Ai veio meu vô paterno na cabeça, religioso, brincalhão, como eu brinquei com ele, a sua maneira de dizer eu te amo foi a mais gostosa possível , mas nunca o ouvi dizer essas palavras, mas elas vieram, através da frase "você é a pessoa que mais pensa parecido comigo". Meu vô é uma pessoa tão linda, tão boa, que me curou um pouquinho ao dizer isso. Eu sempre o vejo como a melhor pessoa que eu já conheci, ele da bronca com todo cuidado, da conselhos morrendo de medo de ofender, mas comigo, se precisar debater, brigar e falar mais alto ele fala, porque é a forma dele de dizer que me ama e cuida de mim, mas sem dizer eu te amo. 


E agora o meu pai. Quando fiquei grávida minha vó me mostrou a cartinha, ele escreveu pra ela quando eu nasci, dizendo o tanto que me amava. Mas ele não sabe dizer isso. Teve tanto medo de eu puxar a minha mãe que se afastou e me afastou. Ficou esse buraco, onde a única coisa que tinha era uma dor que me corroía. E então um dia percebo, meu pai não ouviu, então não sabe falar. 


E ele sem saber falar teve um menino. Tão doce, delicado, fofinho. Eu lembro que ele falava pro meu irmão coisas do tipo "vc tem que ser homem, homem joga futebol, HOMEM NÃO CHORA" 

Meu avô não chora, meu pai não chora, meu irmão não chora. 

Meu irmão gostava de dançar, mas dançar era coisa de menina. Pra dançar só escondido, pedir para fazer balé foi horrível. 

Então ele foi crescendo e eu me tornei dura, cascuda, não teve amor em nenhum lugar e nunca soube se expressar. Não se descobriu, ou olhou no espelho e percebeu quem realmente é. Tem medo, tem vergonha, é reprimido, é covarde e abusivo. Caiu na pornografia. Teve fotos vazadas na internet. 

Não consegue admitir o que realmente sente, não consegue viver. 

Ele sobrevive, mas não vive.



E é sobre isso, o que a sociedade causa nos meninos. Thiago obrigada por essa música que sempre me faz chorar.




quinta-feira, 17 de junho de 2021

moderno love

Cena de "Modern Love", retratando o transtorno bipolar vivido por Lexi. Nessa cena, a personagem tem uma repentina mudança de humor. Ela estava animada para um encontro, quando, de repente, fica incapacitada de sair com o rapaz. Isso acontece constantemente com Lexi, o que a impede de criar relações afetivas com outras pessoas.

  

  Fui assistir essa série, Love, só porque tinha a Anne Hathaway na capa, não esperava nada, até esse episódio, até essa cena. Na série tratam o transtorno bipolar, se aprofundando nesse transtorno e em outros. É incrível, ela é incrível, não tem como explicar como passou perfeitamente o que a maioria das pessoas com algum tipo de transtorno sente. Depressão, ansiedade, bipolaridade, precisamos falar e retratar sinceramente o que são. Nada de fingir ou fantasiar. 


No meu caso, são todos esses juntos e mais um pouco, não consigo descrever como me sinto todas as vezes que entro em uma crise. É comum crises de esquecimento, o que me faz amar fazer palavras cruzadas e montar quebra-cabeça, forçando a mente funcionar. 
 A insônia é constante, o cansaço e a fadiga me fazem desistir das coisas, isso eu atribuo ao TDAH nunca tratado. 

terça-feira, 15 de junho de 2021

Personalidades

Não sou pessoa, 
Nasci Fernando, mas me tornei a outra, 
Já fui Gustavo, Gabriel e Katarina, 
De uma maneira estranha fui Marisa .
Diego veio de passagem, fui Guilherme na esperança de uma lealdade.
Ao ser Arthur fui traída, 
Em algum momento Fui Camila.
De Alice ainda sou, perdida entre Pedro e Caue
Desisti de ser Raquel, 
Mais tenho em Paola um troféu.
Meu nome não foi Isaías, 
Nem Luana, 
Ou Patrícia.
Nem tão egocêntrico quanto Luiza.
Pesei em marcar uma data pra ser Thiago, 
Às vezes tenho medo do Rodolfo em meus retratos.
Ariel cairia bem ser alguém, 
Se não fosse a Raiane em algum lugar do além. 
Não hoje, amanhã também não seria.
Minha personalidade meio vazia, 
Culpa de quando sou Heitor, 
Mas ao contrário de ser Eleonor.
Vivo entre Luzias, Marias, Larissa, 
Completando minha existência vazia.
De Aline e Bruna penso ter, 
A Marina que ama a loucura desse ser. 
É Balela ser tantos nomes, tantas personalidades que vem e somem. 
Esses pseudônimos que inventei, 
Não passam de disfarces de alguém como eu 
E sou tantos que na hora de ser só eu, 
Fecho os olhos e penso 
Que bom seria uma personalidade vazia.

Seguir

A música toca no rádio do carro, 
Trânsito parado, estou atrasado, 
Acordei mais uma vez.
Quero chorar e não sentir, 
A dor que dá não ter para onde ir, 
Esperança boba que me faz pensar. 
Desisti de tudo e não posso voltar,
Abandonei meu nome e esse lugar,
Quando o telhado desabou já não estava ali.
Mas nunca expliquei porquê parti.
Só fugi sem dizer uma palavra, 
Já nem sei se eu existia onde estava.
Parece que o mundo consegue ignorar, 
Minha presença nunca mais irá estar, 
Eu só passei por essa vida e nunca mais, 
Vou voltar. 

foi um amor

Não contei com durar. 
Realmente, nunca imaginei que fosse dar certo.
Algo tão superficial, sem demonstração, sem aproximação, ao mesmo tempo que tinha tudo isso. Foi um soco na cara que me fez perceber, eu queria romance e você precisava se entender. 
Então, voltamos ao mesmo lugar, a casa de barro na fazenda antiga, a trilha molhada para chegar. Mas quando olhei pela janela você não se aproximava, não iria ter beijo enquanto a gente brigava. 
O piso de madeira molhando com minhas lágrimas, o fogo da lareira queimando como meu coração em brasa. 
Não teve mais amor, 
Não teve até amanhã, 
Não teve eu fingindo te odiar na escola aquela manhã. 
A porta quebrada bateu, 
Trouxe a realidade que nos acometeu,
Você se foi naquela tarde de domingo, 
O carro capotou e nunca mais nos vimos. 
Agora nunca vou saber, 
Se era para ser, 
Quando meu telefone tocou só pensei, 
Meu coração parou e eu lembrei, 
De quando prometemos nos encontrar, 
Aquela tarde no mesmo lugar, 
Você falou "vai indo, já vou chegar",
Mas não vai. 
E pela janela vi a chuva cair, 
Os pingos grossos me fazendo sentir,
Um aperto no meu coração, eu não sei. 
A coberta ali no chão, 
Duas taças como esperança em minhas mãos. 
Gritei tanto de raiva quando não apareceu.
Da sua boca nunca mais irei ouvir "minha menina estou aqui!" 
Sua jaqueta preta cheirando a você. 
Os óculos escuros não vai mais tirar, 
Um abraço apertado nunca mais iremos dar, 
Você se foi e eu fiquei, talvez, só talvez, 
Uma música nossa vai tocar, 
No meio da noite quando o rádio eu ligar, 
E dançarei com você outra vez, 
Assim um dia seremos nós outra vez. 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

projeção astral

Essa ideia maluca que criei onde voltaríamos a ser amigos, só fez sentido real na minha cabeça. Não sei porque achei que daria certo, uma hora você jogou o anzol, então ficou com medo de ser verdade, simplesmente despejou todo aquele sentimento na minha cabeça e de uma hora pra outra só deixei de existir. E aí, quando menos espero nos encontramos no limbo durante viagens astral. 
Não pode ser verdade, fantasiar na minha cabeça sua existência, seria de uma magnetude gigante,. Achar que você realmente existiu. E se não existe porque minha mente te imaginou com tanta intensidade ao ponto se sermos só nós, em uma fração do universo que achei existir. Mas se não existe aquém direi seus traços tão finos ou confidenciarei meu pensamentos mais intensos dentro dessa ilusão que chamam de vida? 
Você foi um bom amigo, ou amiga, mesmo existindo somente em meus pensamentos. Mas assim como sua imagem apareceu ali, em uma projeção louca que nem sabia conseguir, você sumiu, mas pode desaparecer o que nunca existiu? 

quarta-feira, 12 de maio de 2021

insuportável

Vez ou outra saem coisas da minha boca que me fazem imaginar quem eu realmente sou. Os sentimentos que vêem hora ou outra, a maneira como olho o mundo, me deixa só imaginando que espécie é essa. 
Vez ou outra alguém me descreve como amiga, companheira, carinhosa, prestativa, fico só me endagando se esse teatro realmente é real. Não é por nada, mas as coisas que faço, ou digo, não condizente com o meu interior. Na verdade esse não sente absolutamente nada e compactua com as mensagens de filmes dizendo como devo agir. 
Não sei nem se realmente amo alguém, ou me importo realmente com as pessoas ao meu redor, fico só esperando e imaginando a hora de partirem. É assim, a voz na minha cabeça diz; beija, abraça, diga que ama. E no fundo minha mente ecoa; Por quê? 
Posso ser um pouco mais áspera que outros, fico matutando sobre a morte e como já senti. O momento mais avassalador da minha vida, então, como quem não quer nada, simplesmente sou eu, essa incógnita ambulante que parece ter tido o coração devorado por corvos. 
Nessa onde imagino desde de quando sou assim, psicopata? Mataria sem medo de precisasse? A morte realmente me abalaria de alguma forma? Eu realmente amo aqueles que digo amar? 
São questões para terapia essas que escrevo? Mas qual melhor terapia do que aquela em que realmente sou sincera, assim escrevo. 
Por um tempo achei que amava todos ao meu redor, mas vez ou outra não amo ninguém, nem eu mesma e só queria ficar sozinha, tomando meus remédios para dormir o dia inteiro e não vivendo o inferno de conviver e tentar ser aceita em sociedade. A paz me deixaria tranquila, toda essa história de sentir me dá fome, talvez seja isso, só sinto o vazio no estômago, aquele que ecoa por comida. 
E não é nada demais, não odeio ninguém, só não sei de me importo o suficiente para chorar por aquilo tudo que significaria sentir.
Se pessoas como eu fossem levadas a sério e realmente afastadas da sociedade, talvez menos coisas ruins aconteceriam. Mas Minorit report é só um filme e sou só uma criminosa em potencial, não tenho intenção de invadir nenhuma igreja de nojentos e insuportáveis crentes e atirar em cada um, ainda. 
Mas me programo constantemente para se essa oportunidade aparecer e conseguir com uma só bala matar o energúmeno presidente, tenho tudo planejado. Viajarei até Guarujá, um dia que ele esteja em seu barco, eu ainda consigo ouvir, um fuzil acertando seu saco em cheio, ele vai para o hospital, perde as bolas. Ali, deitado naquela cama faço um acordo ao entrar ou ele renuncia ou morre lentamente, levando todo seu esquema e seus envolvidos, depois um simples toque e ele não morre, mas sim vegeta pelo resto da vida. E fim. 
Viu, minha fantasia mais exitante é essa, então ou me internarão, ou continuarei sem sentir nada sobre o que acho relativo.